terça-feira, 30 de setembro de 2008

Geraldino Brasil

Com agradecimento especial a Renata Soriano, que me apresentou à poesia de G.B. 

Sortimento de Lembranças

(Ao poeta Jó Patriota)

Vezes me lembro do menino com asma
numa carreira doida na ladeira.
Fôra o luar que vestira de fantasma
folha seca enforcada na palmeira.

Bagagens de lembranças... de brinquedos,
de alvoradas, de tardes e de luas;
do remanso do rio e moças nuas
revelando ao menino seus segredos.

Numa noite de junho - ainda me lembro - 
o galo do quintal cantou tão claro
que o mês de junho amanheceu setembro.

Outra vez eu olhava um céu de estrelas:
tantas que quatro ou cinco despencaram
e um sapo pulou n'água pra comê-las.

(Maragogi/AL, 1979)

Do livro Um soneto de sol para Cézanne e outros sonetos

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Marginal




"Um livro de poesia na gaveta não adianta nada
Lugar de poesia é na calçada"

Sérgio Sampaio, compositor popular

Cantar e brincar


Cris Aflalo canta Xerêm (compositor cearense que é vovô dela). Faixa do disco Só Xerêm.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Navalhanaliga

Nada pode tudo na vida.

Por que toda estrela pisca no céu
E o cometa risca?

Por que você não se arrisca, meu bem
E vem, belisca e petisca?
Por que teu beijo faísca?

Valha navalha na liga
Nada na barriga
Valha navalha

Não se escandalize, não
Tudo isso a gente pensa
Quando entra em transe
Quando sai da crise

Vou dizer não, não, não, não, não, não
Tantas vezes até formar um nome
Até formar seu nome

Valha navalha na liga/nada pode tudo na vida

Falta de sorte
Fui me corrigir
Errei


(Alice Ruiz via Itamar Assumpção)

sábado, 20 de setembro de 2008

Pra Maria Cilene

Depois melhora
(Luiz Tatit)

Sempre que alguém daqui vai embora
Dói bastante, mas depois melhora
E com o tempo vira um sentimento
Que nem sempre aflora, mas que fica na memória
Depois vira um sofrimento que corrói tudo por dentro
Que penetra no organismo, que devora
Mas depois também melhora

Sempre que alguém daqui vai embora
Dói bastante, mas depois melhora
E com o tempo torna-se um tormento
Que castiga, deteriora, feito ave predatória
Depois vira um instrumento de martírio duro e lento
Uma queda num abismo que apavora
Mas depois também melhora

E vira então uma força inexplicável
Que deixa todo mundo mais amável
Um pouco é conseqüência da saudade
Um pouco é que voltou a felicidade
Um pouco é que também já era hora
Um pouco é pra ninguém mais ir embora

Vira uma esperança
Cresce de um jeito
Que a gente até balança
Enfim
Às vezes dói bastante, mas melhora
Enfim
É só felicidade
Aqui agora
É bom

É bom não falar muito
Que piora
Enfim
É só felicidade

Canto de cozinha

Gero Camilo, Rubi, Ceumar, Kleber Albuquerque e Tata Fernandes

Em participação especial no disco  Desvio, de Kleber Abuquerque.