Hoje pela manhã, em conversa com
Cristhiano, falamos sobre o grande abismo que ainda parece existir entre a criação artística e a reflexão crítica sobre a arte. Cristhiano lembrou de preconceitos que justificam esse distanciamento, como o de que "arte é algo para ser sentido e não analisado", idéia ligada ao mito romântico do gênio criador, solitário e atormentado. Falei que me impressiona a facilidade com que algumas pessoas se tornam (ou pelo menos crêem se tornar) artistas: alguém faz alguma coisa, alguéns batem palmas, e eis mais uma estrela que nasce...
Tudo isso me fez lembrar de uma canção de
Joni Mitchell gravada em 1972. [em um disco lançado um ano depois do legendário
Blue, que consagrou definitivamente Joni como compositora e acabou se tornando um marco na história da música popular] A canção se chama
For the roses, e dá título ao disco. É uma balada melancólica que fala do lado complicado de conciliar a fama e o trabalho de criação. A seu modo confessional, Joni acaba fazendo uma crítica a todo o sistema envolvido na indústria do entretenimento; uma crítica que permanece atual quase 40 anos depois...
(desenho de joni Mitchell: incialmente pensado para a capa do disco, foi substituído por sugestão da gravadora)