não chega a fazer frio, mas é preciso acender as luzes da casa antes do tempo. a grande nuvem entra pelo vidro das janelas fechadas e traz para dentro o cinzento do céu que tentamos a todo custo manter do lado de fora.
o mundo suspenso durante um segundo de dúvida: no silêncio do telefone soa uma música incerta de espera e ambigüidade. dias de sol que adiaram seus verdes e azuis para talvez brilhar em outras praias.
agora que a água lavou todos vestígios da passagem de um impaciente carnaval, as ruas podem se vestir novamente com o vazio de passos ausentes. eles fazem barulho durante a madrugada, andando em direção a lugares que não chego a sonhar, ocupado com meu óbvio umbigo.
ainda ontem percebi que caminhava flutuando, preso ao cheiro invisível dos pingos de chuva não-derramados. como saber se vão cair? e se não forem, o que fazer com o preto inédito do guarda-chuva?
a promessa do amanhã leva no vento a passagem das horas. mas o que permanece sabe intuir a própria capacidade de enxergar no escuro. através dos vidros. e de usar a chuva como ferramenta para não esbarrar em janelas fechadas.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
guarde o guarda-chuva. nunca se sabe quando é vai que chover mesmo. ou então deixe-se molhar.
Postar um comentário