terça-feira, 30 de junho de 2009

cena muda

cena do espetáculo Arien (foto de Jochen Viehoff)


Um minuto sem movimentos em honra a Pina Bausch, que faleceu hoje aos 68 anos.


quinta-feira, 25 de junho de 2009

distorção

“forma nada mais é que a intenção do contexto”



a

con/tenção

do

texto

que

nada

mais

in/forma:


é.


quinta-feira, 18 de junho de 2009

Consumidor

.

pessoa-

não


anti-

ter;


consumo

de si


sumo

do ser.


leis

não tornam

o torto


direito:


persiste

o mesmo


de(s)feito.


assim

se escreve

ex-cidadão


ex-humano


exumado:


escravo.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Mudanças

(D’après Márcio Seligmann-Silva)


I


entre

mímesis

e metafísica


sempre

as mesmas

armadilhas.


imanência

mutante

da essência


dança

da memória

sem fio


ou cadência.



II


história

vária


reduzida

ao idioma


do instante.


fotografia

falada


de uma

paisagem


que apenas

se pensa


estanque.



III


penso

na poesia:


fogo-fátuo.


poesia

que clareia


pontuando

o escuro


de rastros.



IV


suspeita

fidelidade


de ares

iluministas

sopesando

a arte.


a claridade

do fogo


existe apenas

quando

consome


toda verdade.



V


co-incidência

de vislumbres:


transparência

tresperância.


movimento

dos costumes:


esgotamento

da essência,


sabedoria

da errância.



VI


no deserto

é o

olho


quem molda

as formas


do horizonte.


no deserto

é o

olho


quem forma

as normas


dos contornos.


no deserto

somos

o olho.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

A levesa e o pezo


É possível coreografar a ausência? Que movimento corresponde ao silêncio? Como revelar o invisível?

Essas perguntas são respondidas com grande maturidade artística ao longo do espetáculo Leve, concebido e protagonizado pelas bailarinas Renata Muniz e Maria Agrelli.

O espetáculo é um mergulho interior, amparado por uma atmosfera visual e sonora que parece liberar tempo. As bailarinas nos fazem viver o nó da dor e o colo da saudade; o peso da queda e a leveza de voltar a se levantar. Leveza lavada com lágrimas.

Lembro as palavras de Bachelard: "O sonhador se vai à deriva. Um verdadeiro poeta não se satisfaz com essa imaginação evasiva. Cada poeta nos deve, então, seu convite à viagem [...] Uma realidade iluminada por um poeta tem ao menos a novidade de um esclarecimento inédito. Porque o poeta nos revela uma nuance fugidia, aprendemos a imaginar toda nuance como uma mudança. Apenas a imaginação pode ver as nuances, ela lhes alcança na passagem de uma cor a outra" (L'air et les songes)

Maria e Renata são poetas verdadeiras. Elas fazem dançar a imaginação e despertam nossa percepção para o movimento das cores da vida que se desprende do luto e da incompreensão pela dor da perda.

Leve é um espetáculo de dança. Entretanto, o corpo não reivindica para si o papel de instrumento principal. Os movimentos são mínimos, preci(o)sos, e muitas vezes se deixam apagar pela música e pelo cenário: na dança do invisível, o corpo sabe se calar para que fale aquilo que não se traduz em gesto.

O grande feito das artistas é nos fazer sentir na pele a densidade da leveza e o lado etéreo do peso (aprendizado possível apenas com a vivência). Ao sairmos do espetáculo, permanece a clara sensação de termos partilhado a sabedoria de uma humanidade profunda.

Agradeço de coração.


quinta-feira, 4 de junho de 2009

Seminário Intersecções



Divulgando o Seminário Intersecções, que acontece na UFPE nos dias 09 e 10 de Junho e reúne idéias sobre arte, ciência e tecnologia. Na ocasião será lançado o livro Intersecções, uma coletânea de artigos produzidos pelos alunos do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE, com colaborações da UFAL e da Universidade de Coimbra. O livro traz ainda um conto inédito do poeta Joaquim Cardozo.

Eu vou mediar uma mesa no dia 10/06, a partir das 13:30. Falarei sobre corpo e mídias na performance da canção.

Informações, programação e inscrição (gratuita) aqui.

Apareçam!