terça-feira, 16 de junho de 2009

Mudanças

(D’après Márcio Seligmann-Silva)


I


entre

mímesis

e metafísica


sempre

as mesmas

armadilhas.


imanência

mutante

da essência


dança

da memória

sem fio


ou cadência.



II


história

vária


reduzida

ao idioma


do instante.


fotografia

falada


de uma

paisagem


que apenas

se pensa


estanque.



III


penso

na poesia:


fogo-fátuo.


poesia

que clareia


pontuando

o escuro


de rastros.



IV


suspeita

fidelidade


de ares

iluministas

sopesando

a arte.


a claridade

do fogo


existe apenas

quando

consome


toda verdade.



V


co-incidência

de vislumbres:


transparência

tresperância.


movimento

dos costumes:


esgotamento

da essência,


sabedoria

da errância.



VI


no deserto

é o

olho


quem molda

as formas


do horizonte.


no deserto

é o

olho


quem forma

as normas


dos contornos.


no deserto

somos

o olho.

Um comentário:

Lubi disse...

conrado,
sua poesia é uma surpresa muito feliz pra mim.

beijos.