segunda-feira, 13 de agosto de 2007

ele

foi como num sonho. uma bolha de sabão envolvendo o mundo. e ele do lado de fora. ou era dentro?

o escuro da noite não o deixava ver. só conseguia enxergar as luzes acesas de um outro mundo. do outro lado.

por um momento teve medo. de se sujar quando cruzasse as paredes transparentes. de ficar preso naquela lâmina de vidro líquido. de evaporar junto com as novas luzes. de nascer.

o ar estava cheio de vozes. e o além parecia impossível. ele era inviável. absurdo. ainda não existia saída.

talvez fosse o tempo torto daquela percepção. ou a falta de costume em navegar sem os instrumentos da deriva.

ele poderia ter ficado ali. habitando para sempre aquela dimensão provisória. mas passou por lá um vento sem antes que o fez entender: ele era eu.

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