quinta-feira, 9 de agosto de 2007
te amo
foi quando eu não esperava que chegou a hora de abrir de novo os armários. momento de procurar a roupa de apaixonado que eu pensava já perdida. tateio com cuidado o vão escuro. até encontrar aqueles panos macios, habitantes de um passado tão familiar. o colorido tinha mudado com o tempo (desbotou?) ou foi a memória que guardou a velha fotografia com cores mais vivas que a realidade. olhando agora, com os olhos translúcidos pelo cheiro da naftalina das gavetas, vejo que nunca tinha de fato conhecido aqueles tons. era um arco-íris novo que eu segurava nas mãos. numa manga, o lunar dos cinzentos. na gola, os amarelos e laranjas das tardes. azuis e verdes mais pra baixo, onde o branco embota a paisagem. todo o estranhamento passou quando me vesti da novidade. mas tudo aquilo que me tornava mais nítido ainda era invisível a quem passava por mim na rua. ou será que não? agora havia novas respostas para antigas perguntas. a língua tropeçava nas palavras já gastas de tanto uso, extamente como fazia com aquelas que se desacostumou a pronunciar. quando o sol bateu em mim, tive medo de ter eu mesmo desbotado depois de morar no escuro por tanto tempo. foi quando o telefone tocou e lembrei que o movimento natural do coração é justamente esse de cultivar os pertos.
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