segunda-feira, 6 de agosto de 2007

mil começos

sinto um roçar de cortinas abrindo no escuro. mas o sol já vai alto aqui fora. o ar tem cheiro de planta e alguns barulhos que lembram a infância distante. infância breve, que volta toda vez que me sinto perto de água. banho de mar. chuveirão. cachoeira. barco. sempre gostei dessa hora da tarde, onde o dia já se acostumou a ser dia e fica tão à vontade que já nem tem mais o que fazer ali: vai embora e chama a noite que quer chegar. até que isso aconteça, observo atentamente alguns contornos. bem à frente. tão nítidos que fazem doer os olhos. traços que tocam o ar numa miragem duvidosa, mas precisa. me incomodo como se olhasse por um falso espelho. um espelho imaginado, de reflexos que só se vêem por dentro. prefiro a transparência da água. teia translúcida que filtra a luz do dia. já tarde. ainda agora. recém-memória de um tempo ido no escoar do brilho de um copo de cerveja. hora de voltar e o caminho escuro é marcado apenas por sons. já não importa como voltar. nem mesmo para onde voltar. todo caminho é em frente. e todo momento é estréia.

Um comentário:

apá silvino disse...

Meu Deus!!!!!!
tou que não acompanho tanta mudança tão rápido e tão lindamente!
fico sem palavras!
mas a felicidade engasga. o amor engasga, quem sabe eu canto?
te amo
eu