quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Recital

nunca amar
o que não vibra
nunca crer
no que não canta
(Orides Fontela)


guardada dentro do silêncio. é assim que ressona a muda memória da madeira. aquela que não apreende imagens, apenas vibrações. lá fora pode chover ou secar, mas aqui se respira o passado que ainda se move pelo interior das paredes. as paisagens se metamorfoseiam em fragmentos de cidades. mesmo assim, é raro que se registre algum sentido nas linhas deste livro cego. outras madeiras, mais móveis, andam através dos passos de outros entes. podem até refletir o céu dos dias abertos. mas também vivem presas atrás da capa transparente dos vernizes mais brilhantes. o que vibra nem sempre canta nos olhos de quem vê sem enxergar as notas evidentes de um presente real.

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