domingo, 2 de agosto de 2009

cor

Gerhard Richter 4096 cores (esmalte sobre tela, 1974)


lendo o fantástico livro Chromophobia, do artista inglês David Batchelor, encontro uma crítica concisa e bem formulada à moda interdisciplinar tão corrente no meio acadêmico, ou melhor, no discurso acadêmico...

reproduzo aqui um trechinho, esperando que sirva para aguçar a curiosidade de futuros leitores.

[a tradução é minha, mas sei que existe uma edição brasileira do livro]

"Esperava escrever um livro sobre arte, ao menos porque grande parte das coisas que já escrevi foi sobre arte, e alguém poderia pensar que há muito a dizer sobre arte em um livro sobre cor. Não foi o que acabou acontecendo. Mencionei pelo menos tanta literatura, filosofia e ciência quanto teoria da arte, e disse muito mais sobre filmes, arquitetura e publicidade que sobre pintura ou escultura. Justo: cor é interdisciplinar. Mas não me sinto confortável casualmente deixando passar alguma coisa como 'interdisciplinar'. Quero preservar a estranheza da cor; sua outridade é o que conta, não a comodificação desta outridade. O interdisciplinar é quase sempre o antidisciplinar tornado seguro. Cor é antidisciplinar"

4 comentários:

Cleyton Cabral disse...

COR é AÇÃO, cor-ação.

paulete miletta. disse...

sério. fiquei SUPER a fim de ler.

Eduardo Araújo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eduardo Araújo disse...

Eu acho que o discurso começa bem, mas aí cai na outridade, na comodificação, no interdisciplinar (gasto) e no antidisciplinar. Então eu entendo pq crítico está em descrédito. É um mundo chato, propositadamente hermético, um mundinho, uma panelinha de termos para os eleitos! Por isso eu contorno essas armadilhas, eu quase não cito. Eu quero achados, coisas que iluminem, não discussões em torno do "rabo da cobra" pelo rastro que deixou na relva. Eu gosto demais daquele livro do Tarkovski que é profundo sem meter-se em terminologias, ou em qualquer texto poético-explosão do w.benjamin, sempre comedido. Ando cansado da modernidade. Agora eu quero é cor. Cor puramente, sem elocubração: vida clara, albina, caiada. Alberto Caeiro?